quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Eu

Ando tão cansada, ando tão correndo. Já não reconheço meu reflexo no espelho, tenho medo de nunca mais me contrar por aí, em qualquer esquina, numa padaria, numa mesa de bar. Se eu ao menos me lembrasse onde coloquei minhas chaves, se me recordasse daquele poema, que certa vez li na porta do banheiro do aeroporto.
Eu estava indo embora, mas não sei se fui, de fato. Creio que acabei esquecida no fundo daquele copo de conhaque, aquele que insisti em tomar mesmo estando de estômago vazio de algumas esperanças. Contrariei regras, não possuía mais virtudes, naquele dia fatídico. Cometi erros até nos acertos.
Continuo na mesma, ando pra ver se me esqueço de lembrar. Sonhei que me matava, noite passada. Um alívio desesperador me despertou, há mais de 32 horas que penso na mesma coisa, sem parar pra respirar. Vou entrar em colapso, se é que já não entrei.
Eu ando tão parada, ando tão sem mim. Estou pensando em desistir daquilo tudo que já não existe, Não sei responder aos bons dias que recebo pelas ruas, os sorrisos estão escassos e os olhos um pouco secos e avermelhados pela poeira.
Quero não mais pensar, penso em não mais querer. Calo meu silêncio, é incômodo. Queria voltar àquilo tudo, mas como?
Há 720 dias que não existo.

3 comentários:

Unknown disse...

Pra que tanta dor se você pode e deve olhar pra frente, olhar pra tras não muda nada.
SÓ você tem esse poder de mudar sua palidez.
720 dias perdidos, ou ganhos com experiência.
Pare pra pensar o que realmente vale a pena.
E se alguém / alguma coisa, vale a pena você ser uma viva morta.

Mariana Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
GAL disse...

mas essa não sou eu, essa dor não é minha. é a dor das palavras, nelas eu posso fingir o quanto quiser.